QUEIMADOS - Um espaço cheio de crianças, adolescentes e até mesmo adultos com vasta opção de esporte, cultura, lazer e qualificação pr...
QUEIMADOS - Um espaço cheio de crianças, adolescentes e até mesmo adultos com vasta opção de esporte, cultura, lazer e qualificação profissional, cenário que antes representava problema com uma série de consequências desagradáveis e agora virou uma vitrine de oportunidade para afastar a garotada da criminalidade e do mundo das drogas. Há pouco mais de um ano de funcionamento, o Centro de Artes e Esportes Unificados (CEU) Planeta Futuro, localizado no bairro São Roque, em Queimados, está com 19 cursos livres abertos e 960 alunos matriculados. Jovens como a Larissa Maria e Bruno Mascarenhas, ambos de 20 anos, vêem nos cursos de fotografia e teatro, respectivamente, a chance de mudarem de vida e crescerem profissionalmente.
Os cursos oferecidos no local foram divididos em 58 turmas e terão duração de três a seis meses. São eles: Violão, Guitarra, Teclado, Contrabaixo, Bateria, Produção de penteados, Ginástica, Zumba, Teatro, Fotografia, Origami, Informática, Corte e escova, Artesanato, Inglês, Administração, Modelagem, Corte e Costura, Jazz e Hip hop. A previsão é de que sete novas modalidades de nível técnico, entre elas: RH, Empreendedorismo e Turismo sejam lançadas ainda neste semestre em parceria com uma instituição de ensino privada do município. Ao todo, mais de 2 mil alunos já se formaram no CEU desde a sua fundação.
As inscrições para o cadastro de reserva ainda estão abertas e os interessados podem procurar o CEU - Rua Macaé, 430, São Roque, das 8h às 17h, com documentos de identidade e comprovante de residência. Os cursos livres abrangem várias faixas etárias. O espaço construído em parceria com o governo federal tem 3 mil metros quadrados e conta com salas multiuso, uma biblioteca com 2 mil livros didáticos em seu acervo, uma sala multimídia composta por 12 computadores com acesso à internet, um cineteatro/auditório com telão de 120 polegadas e capacidade para 60 lugares, uma quadra poliesportiva coberta, pista de skate, aparelhos de ginástica, parquinho para crianças, pista de caminhada e um Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) com capacidade para atender 4,5 mil famílias.
Em visita ao CEU, o prefeito de Queimados, Carlos Vilela, deixou palavras de incentivo e exemplo de vida para os jovens. “É necessário agarrar com unhas e dentes as oportunidades que estão recebendo de melhorar profissionalmente e crescer na vida. Na minha época, as coisas eram muito mais difíceis. Estamos conseguindo oferecer qualificação gratuita e vamos ampliar esses serviços cada vez mais, porque entendemos que os nossos jovens são a nossa esperança de um futuro melhor”, frisou.
De acordo com o Secretário Municipal de Cultura e Turismo, Marcelo Lessa, além dos professores pagos pela prefeitura, as oficinas contam também com parcerias de orientadores voluntários e também de projetos sociais do governo, como o Estação Juventude que além do curso de fotografia, também deve abrir vagas para aulas de Dj e mixagem, em parceria com a Secretaria de Assistência Social. “Este espaço do CEU foi criado exatamente para oferecer oportunidade para a comunidade do entorno, principalmente os jovens, criando uma nova perspectiva de vida, tanto profissional quanto de lazer.
Morador do bairro São Roque, Bruno Mascarenhas, administra um pequeno comércio na localidade e conta que começou a fazer teatro para perder a inibição em seu cotidiano. “Além de me profissionalizar, ainda me ajuda a combater a timidez. Hoje, consigo me comunicar muito melhor”, destacou. Já Larissa, pretende aperfeiçoar o dom de fotografar herdado de seu avô, um famoso fotógrafo da cidade. “Cresci vendo meu avô fotografar até que peguei a máquina dele e gostei do ofício. Por isso, estou aqui para obter mais técnica e encarar este mercado”, disse.
Terapia de grupo e ressocialização
Além de aprender um ofício, os moradores utilizam o espaço para se socializar e como terapia de grupo, como é o caso dos alunos do curso de artesanato “artesãs solidárias”, que resolveram ensinar a sua arte como forma de terapia ocupacional para ajudar as pessoas, em sua maioria, mulheres, a superarem seus traumas, como contou a professora de artesanato, Ana Carla, de 37 anos. “Além de ajudar outras pessoas, para mim, também foi uma terapia, porque comecei a dar aula para superar a perda da minha mãe e com isso consegui também fazer uma renda. Além do estímulo profissional, o ganho psicológico foi muito importante para mim e para todos que passam pelo curso”, explicou.
A aluna e pastora Juracy de Carvalho Luiz, 59, confirma a teoria da professora ao relatar ter minimizado sua hiperatividade depois das aulas. “Sou hiperativa e não conseguia finalizar nada. Com este trabalho em grupo, tenho conseguido finalizar várias peças. Vale ressaltar que a paciência das professores é fundamental”, contou. O grupo conta com crianças e até pessoas com necessidades especiais e dificuldades de fala e socialização.
Os CEUs integram num mesmo espaço programas e ações culturais, práticas esportivas e de lazer, formação e qualificação para o mercado de trabalho, serviços socioassistenciais, políticas de prevenção à violência e de inclusão digital, para promover a cidadania em territórios de alta vulnerabilidade social das cidades brasileiras.
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