O desemprego no Brasil atingiu 14,4% no trimestre encerrado em fevereiro, segundo divulgou nesta sexta-feira (30) o Instituto Brasileiro de ...
"O resultado representa uma alta de 2,9%, ou de mais 400 mil pessoas desocupadas frente ao trimestre anterior (setembro a novembro de 2020)", informou o IBGE.
Em 1 ano, o número de desempregados no Brasil aumentou 16,9%, com um acréscimo de 2,1 milhões de pessoas na busca por um trabalho.
Os dados fazem parte da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad). No levantamento anterior, referente ao trimestre encerrado em janeiro, a taxa de desemprego estava em 14,2%, atingindo 14,3 milhões de brasileiros.
A taxa de desemprego de 14,4% é a segunda maior da série histórica da pesquisa, ficando atrás somente da registrada no trimestre encerrado em setembro de 2020.
A mediana de 28 projeções captadas pelo Valor Data estimava uma taxa de 14,5% no trimestre encerrado em fevereiro. O intervalo das expectativas variava de 14,1% a 14,8%.
Vale destacar que o IBGE considera como desempregado apenas o trabalhador que efetivamente procurou emprego nos últimos 30 dias anteriores à realização da pesquisa.
Somente nos dois primeiros meses do ano, o país perdeu 150 mil trabalhadores ocupados. Segundo a analista da pesquisa, Adriana Beringuy, a dispensa de trabalhadores no primeiro bimestre é esperada, porque se trata de um movimento sazonal do mercado de trabalho, tendo em vista as contratações temporárias realizadas no final do ano anterior. Em 2021, porém, esse processo pode ter sido agravado em função da pandemia.
“A gente não sabe até que ponto é aquela perda de gás que sempre tem no começo do ano e o quanto se deve ao fato das condições trazidas pelo agravamento da pandemia. Embora as medidas mais rígidas tenham sido tomadas em março, em fevereiro nós tivemos o cancelamento das festas de carnaval”, destacou a analista da pesquisa.
Desalento também atinge recorde
A população desalentada (quem desistiu de procurar uma oportunidade no mercado de trabalho) também atingiu patamar recorde, reunindo 6 milhões de pessoas, o que representa uma taxa de 5,6% da população na força de trabalho.
Somados os desempregados e os desalentados, a taxa atingiria 20% dos trabalhadores – mais de 20 milhões de brasileiros.
Veja outros destaques da pesquisa:
-A massa de rendimentos no país caiu 7,4% em 1 ano, para R$ 211,2 bilhões (menos R$ 16,8 bilhões).
-A população ocupada (85,9 milhões) ficou estável em relação ao trimestre móvel anterior e caiu 8,3% frente ao mesmo trimestre de 2020;
-Em 1 ano de pandemia, houve redução de 7,8 milhões de postos de trabalho no país. Desse total, 3,9 milhões eram vagas com carteira assinada;
-Mais da metade da população em idade e trabalhar continua sem emprego; o nível da ocupação ficou em 48,6%, contra 54,5% em igual trimestre do ano anterior;
-A população subutilizada (32,6 milhões) ficou estável frente ao trimestre móvel anterior e cresceu 21,9% (mais 5,9 milhões) na comparação anual;
-A taxa de subutilização ficou em 29,2%, mostrando estabilidade em 3 meses e alta na comparação anual (23,5%);
-O número de subocupados por insuficiência de horas trabalhadas (6,9 milhões) cresceu 6,3% (mais 406 mil pessoas) frente ao mesmo trimestre de 2020;
-A renda média caiu 2,5% frente ao trimestre encerrado em novembro e foi estimada em R$ 2.520;
Apenas a categoria de trabalhadores por conta própria, que reúne 23,7 milhões de pessoas, apresentou crescimento (3,1%) na comparação com o trimestre encerrado em novembro (mais 716 mil de pessoas), evidenciando a precarização e dificuldade de recuperação do mercado de trabalho. O número de brasileiros nessa categoria, porém, ainda é 3,4% menor do que o observado há 1 ano (menos 824 mil pessoas).
O número de empregados com carteira de trabalho assinada (29,7 milhões de pessoas) ficou estável frente ao trimestre anterior e teve queda de 11,7% (menos 3,9 milhões de pessoas) contra o mesmo período de 2020.
Já o número de empregados sem carteira (9,8 milhões de pessoas) ficou estável em 3 meses, mas ainda é 15,9% menor (menos 1,8 milhão de pessoas) frente a igual trimestre de 2020.
"Não houve, nesse trimestre, uma geração significativa de postos de trabalho, o que também foi observado na estabilidade de todas as atividades econômicas, muitas ainda retendo trabalhadores, mas outras já apontando um processo de dispensa como o comércio, a indústria e alojamentos e alimentação. O trimestre volta a repetir a preponderância do trabalho informal”, afirmou a analista da pesquisa, Adriana Beringuy.
Comércio, alojamento e alimentação lideram perdas de postos em 1 ano
Na comparação com o mesmo trimestre do ano anterior, 8 dos 10 ramos de atividades profissionais tiveram queda no número de ocupados.
O maior recuo em número de trabalhadores ocorreu no Comércio (-11,1%, ou menos 2 milhões de pessoas), seguido por alojamento e alimentação (-27,4%, ou menos 1,5 milhão), indústria (-10,8%, ou menos 1,3 milhão) e serviços domésticos (-20,6%, ou menos 1,3 milhão).
As outras quedas foram observadas na construção (-9,2%, ou menos 612 mil), transporte, armazenagem e correio (-12,2%, ou menos 607 mil), outros serviços (-18,1%, ou menos 917 mil pessoas) e informação e comunicação (-1,6% ou menos 116 mil).
Somente administração pública (2,3%, ou mais 334 mil) e agropecuária (2,7%, ou mais 226 mil) registraram aumento do número de ocupados em um ano – as duas altas, no entanto, são consideradas pelo IBGE como estabilidade estatística.
Via G1
COMENTÁRIOS