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QUEIMADOS - Do dia 21 de julho para cá, a visão do Rio Abel, no bairro Vila Pacaembu, em Queimados, na Baixada Fluminense, se transformou completamente. Moradores acusam o o Instituto Estadual do Ambiente (Inea) de ter cometido crime ambiental. Segundo eles, equipes do instituto são as responsáveis pela derrubada generalizada de árvores às margens do rio.
Em nota, o Inea afirmou que “a denúncia não procede e que uma equipe do órgão ambiental estadual esteve no local, mas para o trabalho de limpeza e desassoreamento do Rio Abel, serviço que beneficiará os próprios moradores”.
A vegetação havia sido plantada pelos próprios moradores do bairro, como forma de impedir o assoreamento do rio e assim se prevenir contra os temporais de todos os anos. O aspecto do local, hoje, é de devastação e prejuízo ao meio ambiente.

O professor Nilson Henrique mostra o estrago na vegetação.
— Os operadores da máquina alegaram que foi uma determinação do Inea para limpar a área. Mas a prefeitura tem que fazer um estudo antes e mandar para o Inea. É um crime ambiental destruir essa mata ciliar — afirmou o professor de História Nilson Henrique de Araújo, de 46 anos.
O professor diz ainda que a extensão do desmatamento foi de cerca de 300 metros. Em 2013, uma enchente fez o Rio Abel transbordar no no trecho que corresponde à Vila Pacaembu. O entulho que havia na beira do rio impediu que a água escoasse. Desde então, moradores pedem a limpeza constante, com medo de inundações.
— Para fazer esse trabalho de limpeza, tem que ter um relatório. É um crime ambiental destruir a mata ciliar, porque ela impede o assoreamento. Com um ano de chuva, vai ter erosão da área, o sedimento vai deixar o rio mais raso e ele não vai aguentar a primeira enchente — ressaltou Nilson.
Além de derrubar árvores, a ação causou sérios danos materiais e risco para os moradores. O muro da casa de Terezinha Cristiane da Rosa, de 42 anos, rachou. A dona de casa disse ter tentado impedir a ação do Inea.

Terezinha Rosa está preocupada com as rachaduras que apareceram na sua casa
— Fiquei nervosa de ver as árvores caindo e os passarinhos desesperados. Comecei a filmar e mandei para o grupos dos moradores. Depois, entrei na frente da máquina, mas eles diziam que tinham ordens para derrubar .
Além do muro rachado, as telhas da casa de Terezinha se soltaram. Entre as árvores derrubadas, moradores afirmam que havia pau-brasil e paineiras.
Prefeitura promete reflorestamento
A esperança dos moradores da Vila Pacaembu, agora, é de que o local seja reflorestado. É o que diz o artesão Daniel Dias dos Santos, de 30 anos, que também se preocupada com a limpeza da área.
— Seria bom se fizessem a limpeza da área, mas acho que deveria haver replantio nesse local — afirma.
Depois da devastação, foram realizadas aproximadamente três reuniões com vereadores, representantes da Prefeitura de Queimados, moradores e até um representante do Inea. O município disse que a Secretaria municipal de meio Ambiente e Defesa dos Animais realizará o reflorestamento no local, mas ressaltou que as ações de limpeza em todos os rios da cidade estão sendo feitas pelo Inea. Procurado, o Inea não respondeu até o fechamento desta edição.
O advogado Daniel Fernandes Klein Muniz, de 32 anos, disse que o local é a única zona verde nas proximidades:
— A nossa preocupação é justamente com relação à preservação da mata ciliar, devido à sua importância. O que pleiteamos é uma solução inteligente, levando em consideração que no local existem várias espécies de pássaros e árvores.
Via: Jornal Extra
Foto: Cléber Júnior
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